Manual das viagens no tempo

O paradigma das viagens no tempo


Como tudo começou.

Há uns dias atrás, deparei-me com uma notícia de um físico de seu nome Ron Mallett, professor de física da Universidade de Connecticut, que afirma ser possível viajar para trás no tempo e que tem estado a desenvolver esforços no sentido de materializar essa ideia.

Como amante de H.G. Wells, o meu entusiasmo foi gigante e comecei a ler mais sobre este professor e a sua experiência. De facto, o professor Ron Mallett já elaborou a equação base da sua teoria e desde 2018 que tem estado a testar os componentes necessários para provar que de facto é possível viajar para trás no tempo através de uma máquina, sendo que apenas será possível entre o momento presente e o momento em que a máquina foi activada no passado. 

A partir deste principio, comecei a pensar de que forma isto poderia ser feito sem influências de grupos poderosos mas para o bem de toda a humanidade.

A forma de viajar e o início.


Depois de ler a notícia, fui tomar um duche e durante esse tempo ocorreram-me diversos constrangimentos que poderiam inviabilizar o principio do bem comum.

Em primeiro lugar, a viagem no tempo que Ron acredita, numa primeira fase, é do envio de informação por um canal quântico criado pela distorção do espaço-tempo dentro de um anel de lasers, pois acredita que distorcendo o espaço, influêncía o tempo, e desta forma seria possível enviar informações para o passado (momento 0 da activação deste anel)

A primeira ideia foi, e se Ron Mallett numa das suas experiências, conseguir activar com sucesso esse canal quântico, sem um conjunto de regras e procedimentos relativos a troca de informações entre o nosso "eu" presente  e o "eu" futuro? Se não existir essa definição à priori, alguém no futuro pode aproveitar esse facto para enviar um conjunto de informações manipuladas ou com objectivos pouco claros.


Os dados do Futuro.



Pois bem, antes de experimentos finais que possam resultar em sucesso, deve existir um conjunto de regras e procedimentos que visem solucionar problemas complexos de troca de informações com o futuro tais como: a idoneidade da origem dessa informação, a sua datação, a ordem temporal dos dados, a forma de transmissão e a sua recepção.

Se estes pontos não estiverem solucionados e definidos antes do momento zero (sucesso da experiência na 1ª vez), a própria experiência pode tornar-se uma verdadeira caixa de pandora.

A idoneidade:

Este é um dos primeiros problemas a pensar. Como posso garantir que a informação que é enviada do futuro tem uma origem idónea? A idoneiadade é de facto critíca, porque se a proveniência da informação não for validada, ficamos no presente sem certeza dos principios que levaram à recepção da informação por parte do seu emissor.

A datação:

Outra das questões que surge é exatamente a datação dessa mesma informação. A informação pode referir-se a uma data especifíca, mas qual a datação da origem dessa informação? Para além de contextualizar a informação recebida, é importante para correlacionar a mesma com a origem e a data presente, assim como a sua importância no timing a que está a ser enviada e que falarei mais para a frente relativamente ao contexto temporal em que a informação futura deve ser enviada.

A ordem temporal:

A ordem de envio dessa informação futura, deve obedecer a um critério de ordenação para que na recepção, ou seja no presente, a mesma possa ser lida de forma lógica e verdadeira, evitando entendimentos opostos na leitura dessa mesma informação. (Ex: 1ª mensagem - A Russia ataca EUA e 2ª mensagem - Os EUA atacam a Russia), se não existir um critério de ordenação...quem atacou primeiro?

Forma de transmissão:

Neste ponto entramos em detalhes que envolvem conhecimentos mais alargados de fisíca. Mas fica a ideia, seria possivel enviar informação em imagem? como uma noticia de jornal? Ou apenas texto? e video? Seja qual for a forma o importante é a codificação desta informação, por forma a que a mesma não possa ser descodificada e alterada por terceiros.

A recepção:

A recepção está intimamente ligada à forma de transmissão. O que faz sentido é que apenas o terminal ligado ao túnel quântico, consiga descodificar essa informação e isso será possivel visto que esse mesmo terminal será o emissor e receptor em simultâneo. É interessante perceber isto do ponto de vista da computação quântica, onde a unidade é o bit quântico diferente do sistema binário da computação tradicional, e pode assumir estados de 0,1 e 0 e 1 em simultâneo. Pode estar aqui a peça necessária para codificar e descodificar a informação.


As regras do futuro


Para que tudo isto faça sentido, importa perceber que nós somos tanto emissores de informação para o passado, como receptores de informação no presente e por este facto temos de nos reger por um conjunto de regras que garantam que, quando a informação nos chega, a mesma tenha um objetivo muito concreto, evitando o minímo possivel de alterações temporais desnecessárias, e aí o tempo desde que recebemos a informação até ao tempo em que a mesma se torna o "presente", deve variar mediante esse mesmo impacto.

Para isso faz sentido criar um sistema de critericidade temporal da informação a enviar. Exemplo:

Informação tipo 1: (Ajustes temporais) Este tipo de informação não impacta de forma significativa com a história da humanidade e visa criar pequenas correções e com uma antecedência temporal máxima de 3 dias: Um tsunami na indonesia...emitir aviso e evitar mortes desnecessárias.

Informação tipo 2: (Acertos temporais) Este tipo de informação, impacta de alguma forma com a história da humanidade e visa fazer correções com algum peso, tendo uma antecedência máxima de 30 dias: Uma fuga radioativa que com a antecedência necessária poderia ser evitada.

Informação tipo 3: (Mudança do curso da história) Este tipo de informação, impacta de forma significativa na história da Humanidade e não tem antecedência temporal máxima, podendo ser enviada até ao dia 1 (momento 0): Uma cura ou doença global.

Um ponto muito importante é, que tipo de informação deve ser enviada? E aqui, na minha opinião, a mesma deve ser restrita a tudo o que faça sentido em termos globais, excluindo informações económicas, politicas, financeiras, religiosas, desportivas, entre outras que apenas tenham sentido para determinados grupos. A informação que deve ser valorizada, é sim a saúde, catástrofes naturais ou outras, eventos de extinção, eventos extraterrrestres, descobertas ciêntificas, entre outras que tenham impacto na vida do planeta.

Ministerium



Para todas estas definições, responsabilidades e fiscalizações, deve ser criado um ministerium composto por filósofos, fisícos, matemáticos, artistas, professores, etc. Ou seja, um conjunto de pessoas com diversas faculdades, multiculturais, que integrem um painel que vise gerir a informação enviada e recebida, com os respectivos checks and balances para que não exista a possibilidade de gerir essa informação para interesses pessoais, de grupos ou países.


Este ministerium deve ter um espaço próprio (ilha própria), longe de qualquer influência politica ou de grupos de poder, em alinhamento com instituições que integrem todos os países, instalações especifícas para albergar o canal de comunicação, com todas as seguranças possiveis contra catastrofes naturais e não naturais.


Conclusão

Todo este debate comigo próprio sobre esta questão, levou-me a este conjunto de considerações que são um  pontapé de saída para o aprofundamento deste tema ao detalhe.
Uma descoberta a este nível, mudaria para sempre a nossa civilização, levando-a ao próximo nível de evolução que é controlar de alguma forma o tempo e o espaço.
É fascinante pensar que, a partir do momento em que ligariamos a máquina, começariamos a receber informação de 2, 20 ou até 200 anos à frente. Poderiamos inclusivamente receber informação que nos permitisse, fisicamente, fazer essa viagem para o futuro deixando de ser uma civilização tridimensional para uma dimensão quadridimensional.


Pedro Santos Martins




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